Os parienses ainda tem bem claro nas suas memórias a luta contra o famigerado Projeto Tietê. Como vemos abaixo num comentário de arquitetos e urbanistas na época , eram 18 milhões de metros quadrados a serem desapropriados na margem que vai da Lapa ao Tatuapé, ou seja por exemplo exterminando quase todo o Pari e o Canindé.
Para terem uma idéia a rua mais próxima do rio seria a Rio Bonito, mesmo assim o lado ímpar da citada via, do rio até esta rua seria um imenso gramado e todos sabemos como são tratadas esses descampados.
A mobilização foi enorme nos bairros afetados, pedindo desculpas se esquecermos de algum nome, no Pari tivemos a participação efetiva do Antonio Francolino, um jornaleiro que se tornou um pesquisador da História do bairro , um festeiro das tradições do bairro e que prematuramente faleceu. A Igreja Santo Antonio do Pari cedeu seus salões para a mobilização, que trazia delegações da Lapa, Barra Funda, Belenzinho, Bom Retiro.
Como num projeto anterior de ligar a rua Bresser à av. Cruzeiro do Sul de 1972 de um vereador e radialista chamado Neylor de Oliveira, de triste memória e que também não passou, graças ao apoio do dr. Sampaio Dória deu o contra ao megalomano projeto. O Walter Ferro político do bairro, ligado ao dr. Dória na época, teve participação ativa ao lado do saudoso jornalista e escritor Laudo Paroni. Enfim, as forças parienses se uniram , deixando possíveis divergencias de lado. Nessa oportunidade, surgiram verdadeiros baluartes no combate a esse projeto, que só a maquete custou aos cofres públicos, uma verdadeira fortuna. O então prefeito e idealizador do projeto, Jânio Quadros, contava com o apoio de seu genro, se não me engano sr. Mastrobuonno, uma eminência parda do então frágil e alquebrado prefeito.
Como dizia , entre outros pontificaram os baluartes contra o projeto janista, como o vereador sr. Getulio Hanashiro, o então deputado sr. Eduardo Matarazzo Suplicy e o então ex-prefeito engo. sr. Mário Covas.
Num comício realizado na Praça Padre Bento, dez mil pessoas se reuniram para protestar . Em seguida houve uma passeata até à varzea do Tietê, com os manifestantes sendo saudados pelos moradores. Pois bem lá estavam na passeata o sr. Mário Covas e o sr. Suplicy.
Então, hoje em que se vivo fosse ,o engo. Mário Covas , que mais tarde foi um grande Governador do Estado de São Paulo, estaria com 85 anos ( 21/4/1930) oramos para que esteja ao lado do Pai, com muita luz e muita Paz.
Vejam , sem nenhum partidarismo, nosso blog aceita toda e qualquer manifestação política, mas num espírito de gratidão aqueles que batalharam para a valorização do nosso querido Pari/Canindé.
Pessoas que deram a sua face para bater, indo às ruas , inclusive, para com seu espírito inaudito de luta e garra, defender um bairro que é um dos ícones do Cinturão Histórico de nossa querida São Paulo de Piratininga.
Vejam abaixo uma resumida análise sobre o citado projeto do então prefeito Jânio.
JAYME ANTONIO RAMOS
Jânio Quadros. No seu retorno à cena política como prefeito de São Paulo, em 1986, após ausência de mais de 20 anos, Jânio também escolheu Niemeyer para desenvolver imenso projeto de reurbanização às margens do rio Tietê, ao longo de 18 quilômetros.
PROJETO 86, de abril de 1986, tratou do assunto na reportagem "Contratação de Niemeyer abre polêmica e divide arquitetos". Na Carta do Editor daquela edição, Vicente Wissenbach comentou a contratação do arquiteto e a considerou, antes de tudo, um golpe publicitário do prefeito Jânio Quadros. E previu seu destino: "O trabalho realizado pela equipe de Niemeyer irá para as já lotadas mapotecas da prefeitura".
Discutia-se se o arquiteto deveria ou não aceitar a encomenda e se estava correto contratá-lo. Ele aceitou, e até uma nota de apoio a sua iniciativa, assinada pelo PCB, foi publicada na imprensa – Niemeyer contava na empreitada com uma equipe de arquitetos atuantes em São Paulo, entre eles Ruy Ohtake e Júlio Katinsky.
Na época, a revista colheu do arquiteto e professor da FAU/USP Benedito Lima de Toledo a seguinte avaliação: "O projeto, em sua essência, não difere muito da idéia de Paulo Maluf de fazer uma nova capital. A prefeitura não tem recursos sequer para indenizar o que já desapropriou em outras regiões".
Quase 20 anos depois, a polêmica mudou de local, mas o personagem Niemeyer continua no centro dela. O arquiteto Sylvio de Podestá (leia entrevista nesta edição), por exemplo, escreveu uma carta aberta ao arquiteto em que, em determinado trecho, alerta-o sobre o que considera um risco: "(…) incomoda o fenômeno que, de uns tempos para cá, vem se repetindo em todo o país: prefeitos, governadores, secretários de Cultura e até amigos que se utilizam de seu nome para aparecer na mídia nacional e, pior, para avalizar suas ações e seus governos – muitas vezes medíocres, ou medrosos, ou simplesmente indefensáveis".
Texto resumido a partir de reportagem
de Adilson Melendez
Publicada originalmente na revista PROJETODESIGN
Edição 286 Dezembro de 2003
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