| A Capitania de São Vicente, segundo Varnhagem, deveria ter cerca de 2.500 léguas quadradas na soma de sua duas porções – uma desde Paranaguá ao sul até Bertioga e outra, da foz do rio Juqueriquerê até a foz do Macaé, ao norte, tendo encravada entre as duas a Capitania de Santo Amaro, de Pero Lopes irmão de Martim Afonso. Nessa Capitania de proporção média, o povoamento, embora iniciado oficialmente na ilha que leva seu nome, já encontrou outro foco de concentração no Planalto de Piratininga, onde João Ramalho mantinha o reduto de índios pacificados sob a tutela de Tibiriçá, seu sogro, e de Caiubi – o "folha verde", com aldeamento cerca de duas léguas para o interior. Martim Afonso de Souza viu no bravo João Ramalho um forte aliado na conquista e manutenção das terras de São Vicente constantemente hostilizada por "tamoios" e "carijós" ou saqueada por corsários. Com a chegada da Companhia de Jesus em 1553, com o padre Manuel da Nóbrega, este vislumbrou as grandes possibilidades da catequese sobre os nativos pacificados de João Ramalho, primeiro com o Colégio de São Vicente e depois no próprio Planalto. Trilhando o caminho do Cubatão, subiu a Serra do Mar com outros jesuítas, entre eles o noviço José de Anchieta, ultrapassou a aldeia de Santo André e num outeiro que se projetava sobre a várzea entre o rio Tamanduateí e seu afluente, o córrego do Anhangabaú, ergueu uma modesta capela de pau-a-pique coberta de palha, com a ajuda de Tibiriçá e Caiubi. E, em 25 de janeiro de 1554, foi rezada a primeira missa, pelos religiosos e todos aqueles índios, que viriam a ser o esteio da nova civilização. A topografia do local escolhido pelo padre Manoel da Nóbrega, em acrópole, dentro das tradições portuguesas, o clima tropical de altitude, a vegetação campestre dominante no Piratininga, a presença de água abundante e os rios voltados para o interior, demonstraram o acerto de condições propícias ao povoamento, apesar do isolamento político imposto inicialmente pela Coroa Portuguesa. Os fatores da escolha do local para a fundação de São Paulo, embora originalmente de interesse do trabalho catecumênico dos jesuítas, explicam a futura penetração para o interior, pois, além dos elementos de defesa, abastecimento, população nativa mais ou menos pacífica, havia o vasto curso do rio Tietê, que nascendo nos contrafortes do alto da serra do Mar, caminha como uma estrada líquida em direção ao oeste. Para leste, vencido o divisor das bacias do Tietê e Paraíba, tinham acesso para as penetrações no sul de Minas e no próprio Vale do Paraíba. A despeito de todas essas condições favoráveis, o crescimento do povoado foi lento e trabalhoso limitado pelo lado das várzeas, por grosso muro de taipa, à guisa de defesa ou fortificação. Os constantes ataques dos tamoios e carijós, que com outros grupos formaram a Confederação dos Tamoios, combatendo desde o Rio de Janeiro até Piratininga, tornaram penosa a catequese jesuítica no pequeno núcleo. Segundo descrição do Padre Serafim Leite, em 9 de julho de 1562 deu-se um grande ataque, vindo do alto Tietê e do Paraíba, salvando-se São Paulo graças à pronta intervenção de Tibiriçá e Caiubi. Iniciado o século XVII, São Paulo contava com uma população branca de menos de duas centenas de pessoas, para um grupo de milhares de índios e um efetivo também numeroso de mamelucos que deixaram marcas de sua influência tupi nos nomes de famílias, ruas, topônimos, até os dias presentes. Durante essa fase de lento crescimento da aldeia que se formava no "Triângulo", junto ao colégio, a história de São Paulo aponta um verdadeiro líder que a amou, com seu povo indígena, sua capela, defendendo-os não só na crença religiosa, mas muitas vezes empenhando-se fisicamente nas lutas – o padre José de Anchieta, que deixou de sua passagem grande número de cartas e informações, retratando o nascimento e a vida da aldeia. Se por um lado o isolamento geográfico de Piratininga levasse a uma economia de subsistência, por falta de intercâmbio com outras capitanias ou mesmo a Metrópole, por outro, motivou seus habitantes sempre acossados pelos ataques indígenas a organizarem expedições bélicas de caça aos agressores. transportando-os cada vez para mais distantes – foi o início do bandeirismo, primeiro aliando a destruição dos invasores ao apresamento como atividade econômica, e depois à mineração do ouro e das pedras preciosas. Foi no inicio do século XVII mas principalmente após a expulsão dos jesuítas que os paulistas lançaram-se a interiorizarão do povoamento, na faina de escravização dos índios dos sertões, ao mesmo tempo que incentivados pela Metrópole, buscavam as riquezas minerais. Nessa fase, inúmeros povoados foram iniciados não só no atual território do Estado, como em outros. Então, a vila que se chamava "São Paulo do Campo de Piratininga" ocupava toda a área denominada de "Triângulo", hoje correspondendo aproximadamente ao Pátio do Colégio, o Carmo, Largo e rua de São Bento rua da Boa Vista, Largo de São Francisco e Sé, encerrando aí a administração representada pela Câmara, as oficinas de artesões, lojas, o clero e a sociedade dominante. Se aí confinava-se a área urbana, no início do século XVIII, eram inúmeras as freguesias instaladas a várias léguas do centro da Vila, como Santo Amaro, Guarulhos, Pinheiros, Barueri, São Miguel, Penha, Nossa Senhora do Ó, Borda do Campo, São Bernardo, Caaguaçu, que em 1766 já estavam em número de "18 vilas e 9 aldeias", segundo levantamento mandado fazer por D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão, Morgado de Mateus e Capitão-General da Capitania de São Paulo, e que de acordo com o mesmo deveriam reunir uma população de cerca de 6.100 habitantes, dos quais apenas uns 1.500 moravam na Sede. O fato pode ser explicado pelo relatório do referido governo ao Conde de Oeiras, no qual informa que as roças se faziam apenas em terras virgens, que esgotadas levavam-nas a outras derrubadas. Era a agricultura itinerante já praticada pelos primitivos donos das terras e adotada pelos colonizadores. Até meados do século XIX, São Paulo viveu quase estagnada, dessa mesma agricultura, baseada no braço escravo, agora africano, apenas movimentada pela passagem de tropas que desciam para Santos, carregadas de produtos do interior e retornavam aos pontos de origem com os importados. Ao começar o oitocentismo, a Cidade conservava o mesmo aspecto urbano do anterior, mas já se introduzindo os alicerces de pedra. As ruas do centro tiveram o seu calçamento regularmente executado principalmente no governo provincial de Dom Bernardo José de Lorena, em 1790, quando a Cidade contava com 38 ruas, 10 travessas e 6 becos. Na ligação com as antigas freguesias, agora bairros em desenvolvimento, existiam os "caminhos" que irradiavam-se do centro, como o "Caminho que vai direto para Santo Amaro", ou "Caminho do Carro que vai para Santo Amaro", "Caminho do Mar", "Caminho de Pinheiros", "Caminho do Pari" e "Caminho da Penha de França". Somente em 1811 instalou-se a primeira fábrica de tecidos de algodão, que funcionou até o início do Império. Pouco depois, transferiu-se do Rio de Janeiro para São Paulo uma fábrica de armas, dirigida por alemães e que tinha como operários, pessoal improvisado. Mas foram fatores conjugados, do fim do século passado, que prepararam a Cidade para o "progresso" ocorrido a partir da segunda e terceira década do atual: a extinção da escravatura, a vinda do imigrante europeu e o desenvolvimento da economia cafeeira. A população de São Paulo que estava em torno de 70 mil habitantes em 1890, passou para 239 mil em 1900, 587 mil em 1920 e 890 mil em 1930. FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA Antiga povoação de São Paulo de Piratininga, fundada pelos padres jesuítas em 25 de janeiro de 1554. Vila criada pelo foral de 5 de setembro de 1558, ato que transferiu a sede da vila de Santo André para a povoação de São Paulo. Instalada em junho de 1560. Elevada a cabeça da capitania por provisão de 22 de março de 1681. Instalada nessa categoria em 1683. Cidade por Carta Régia de 11 de junho de 1711. Instalada nesta última categoria em 3 de abril de 1712, São Paulo foi elevada a capital por Carta Régia de 16 de dezembro de 1815. Por Decreto de 17 de março do ano de 1823, teve o título de Imperial, que conservou até 15 de novembro de 1889. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o Município de São Paulo se compõe de 18 Distritos: Sé, Liberdade, Braz, Nossa Senhora do Ó, Penha de França, Santa Efigênia, São Miguel, Consolação, Santana, Vila Mariana, Santa Cecília, Belenzinho, Cambuci, Butantã, Lapa, Bom Retiro, Mooca e Bela Vista. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o Município de São Paulo se compõe dos Distritos: Belenzinho, Bela Vista, Bom Retiro, Braz, Butantã, Cambuci, Cantareira, Casa Verde, Consolação, Itaquera, Jardim América, Lajeado, Lapa, Liberdade, Mooca, Nossa Senhora do Ó, Osasco, Penha de França, Perdizes, Santana, Santa Cecília, Santa Efigênia, São Miguel, Saúde, Sé, Vila Mariana e Ipiranga. Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o Município de São Paulo compreende o único termo judiciário da comarca de São Paulo e se divide em 36 Distritos: Belenzinho, Bela Vista, Bom Retiro, Braz, Butantã, Cambuci, Casa Verde, Consolação, Ibirapuera, Indianópolis, Itaquera, Jardim América, Jardim Paulista, Lageado, Lapa, Liberdade, Mooca, Nossa Senhora do Ó, Osasco, Pari, Penha de França, Perdizes, Perus, Pirituba, Santana, Santa Cecília, Santa Efigênia, Santo Amaro, São Miguel, Saúde, Sé, Tatuapé, Tucuruvi, Vila Mariana, Vila Prudente e Ipiranga. No quadro anexo ao Decreto-lei Estadual nº 9073, de 31 de março de 1938, o Município de São Paulo permanece como único termo judiciário da comarca de São Paulo e figura com 1 só Distrito, São Paulo, subdividido este em 36 zonas, com as mesmas denominações dos antigos Distritos citados em 1936 e 1937. No quadro fixado, pelo Decreto Estadual nº 9775, de 30 de novembro de 1938, para 1939-1943, o Município de São Paulo é composto de 1 único Distrito São Paulo, subdividido em 37 zonas, denominadas: Sé, Liberdade, Penha de França, Nossa Senhora do Ó, Santa Efigênia, Braz, Consolação, Santana, São Miguel, Vila Mariana, Belenzinho, Santa Cecília, Cambuci, Butantã, Osasco, Lapa, Bom Retiro, Mooca, Bela Vista, Ipiranga, Itaquera, Perdizes, Jardim América, Saúde, Tucuruvi, Casa Verde, Lageado, Indianópolis, Pari, Vila Prudente, Perus, Tatuapé, Jardim Paulista, Santo Amaro, Ibirapuera, Pirituba e Capelas do Socorro e é termo da comarca de São Paulo formada de 1 único termo, São Paulo, termo este formado por 7 Municípios: Cotia, Guarulhos, Itapecerica, Jequeri, Parnaíba e Santo André. Pelo Decreto Estadual nº 9859-A, de 23-XII-1938, foram criadas no Distrito de Paz de São Paulo, do Município de São Paulo, cinco zonas nos bairros e sob as denominações de Alto da Mooca, Vila Cerqueira César, Barra Funda, Vila Maria e Aclimação. Pelo Decreto Estadual nº 10588, de 26-X-1939, foi criado, no Distrito de Paz de São Paulo, do Município de São Paulo, a 43ª zona, denominada Vila Matilde. Tendo os Decretos nos 9859-A e 10588, sido baixados após organização da divisão territorial para 1939-43, as zonas criadas por estes Decretos não figuram em tal divisão. Em virtude do Decreto-lei Estadual nº 14334, de 30-XI-1944, que fixou o quadro territorial para vigorar em 1945-48, o Município de São Paulo ficou composto dos Distritos de São Paulo com 39 subdistritos, antigas zonas – Baquirivu, Guianazes, Itaquera, Parelheiros e Perus, comarca de São Paulo. Figura no quadro territorial fixado pela Lei Estadual nº 233, de 24-XII-1948 para vigorar em 1949-53, composto dos Distritos de São Paulo e 40 subdistritos: Sé , Liberdade, Penha de França, Nossa Senhora do Ó, Santa Efigênia, Braz, Consolação, Santana, Vila Mariana, Belenzinho, Santa Cecília, Cambuci, Butantã, Osasco, Lapa, Bom Retiro, Mooca, Bela Vista, Ipiranga, Perdizes, Jardim América, Saúde, Tucuruvi, Casa Verde, Indianópolis, Pari, Vila Prudente, Tatuapé, Jardim Paulista, Santo Amaro, Ibirapuera, Pirituba, Capela do Socorro, Alto da Mooca, Cerqueira César, Barra Funda, Vila Maria, Aclimação, Vila Matilde, Vila Madalena e Distritos de Guaianasez, Itaquera, Jaraguá, Paralheiros, Perus, São Miguel Paulista, (ex-Baquirivu). comarca de São Paulo, assim permanecendo no fixado pela Lei Estadual n.º 2456, de 30-XII-1953 para o período 1954-58. Lei Estadual nº 5285, de 18 de Fevereiro de 1959, desmembra do Município de São Paulo o Distrito de Osasco. Em divisão territorial datada de 01-VII-1960, o Município de São Paulo é formado dos Distritos de São Paulo, Ermelino Matarazzo, Guaianazes, Itaquera, Jaraguá, Osasco, Parelheiros, Perus e São Miguel Paulista, (ex-Baquirivu). comarca de São Paulo. GENTÍLICO: PAULISTANO | |
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