O nosso blog historiasdopari.wordpress.com hoje apresenta mais um pariense de quatro costados.
Trata-se do sr. Agostinho Lopes Carrilho, ferroviário aposentado, que nasceu e foi criado no bairro.
Quando falo bairro e isso já frisei anteriormente não me prendo a limites geográficos é mais que isso.
Pari, Alto do Pari, Canindé e um trecho lindeiro do Brás são na verdade um estado de espírito , o mes-
mo sotaque , predominância de identidade cultural , política e em grande parte religiosa.
Como dizia o sr. Agostinho foi criado na rua Casemiro de Abreu, no trecho pariense , no tempo em que
lá só havia casas e não devemos esquecer das tres vilas lá existentes, a Pequena , a Grande e a Carlito,
se não me falha a memória.
O sr. Agostinho tem 87 anos e três vezes por semana frequenta bailes da região em especial do Clube In-
dependência.
A meu pedido hoje ele fala dos cinemas da região , cinéfilo que é , lembra com perfeição de vários artistas
do passado e vários trechos de suas biografias.
Então vamos lá , hoje o Agostinho nos fala dos cinemas.
" Começo o meu relato falando dos cinemas do bairro do Brás.
Na avenida Rangel Pestana os cines Mafalda , Olímpia e Piratininga, sendo que este último era o maior da A-
mérica do Sul, com mais de dois mil lugares, sendo que na parte de cima havia uma fileira de dois lugares ca-
da , que era para casais de namorados.
Na rua do Gazômetro tinha o cine Glória e na rua Piratininga o Ideal, no largo da Concórdia o Babilonia que de-
pois passou a chamar-se Brás com entrada pela avenida e saída pelo largo.
Na avenida Celso Garcia existiu o cine Universo , cujo teto retrátil durante a matinê ficava aberto deixando en-
trar a claridade do sol e à noite se viam as estrelas e a Lua e quando chovia os espectadores do meio da sala
saiam correndo enquanto os demais caiam na gargalhada.
Onde hoje é a Igreja Universal havia o cine Roxy, cuja programação era exclusiva da Metro e na sua frente viam-se retratos a cores com todo o elenco , incluindo diretores, estando em primeiro plano o ator Clarck Gable e o proprietário Louis B. Mayer.
Na rua Firmino Whitacker com a Saião Lobato havia o Oberdan, que num Domingo de Ramos durante a matinê enquanto a Procissão andava pelas ruas do bairro, desabou um temporal causando escuridão no cinema, quando alguém acendeu um fósforo no banheiro dando a impressão de incêndio e alguém gritou fogo ! causando um tumulto e várias crianças foram pisoteadas, a maioria morreu , tendo havido vários velórios no bairro e bairros vizinhos como no Pari e Belenzinho.
No Pari existiam os cines Rialto na rua João Teodoro esquina com a Monsenhor Andrade e na rua Mendes Junior o Cine Savoy que mudou o nome para Roma e na rua Canindé o cine Haiti.
Em tempo, no Brás existiu o cine Braz Politheama na Celso Garcia esquina com a Costa Valente e na Celso Garcia com João Boemer o cine Bruni Brás que geralmente exibia filmes de lutas e de qualidade duvidosa.
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