O Lixo Está na Moda
Por Wagner Wilson
Caminhar pelo Brás, um dos maiores polos de moda popular do Brasil, é observar de perto um fenômeno que poucos enxergam com profundidade: a engrenagem invisível que move toneladas de roupas, tecidos e tendências — e que gera, todos os dias, um mar de lixo têxtil às margens da legalidade.
A cada madrugada, sacos e montanhas de sobras industriais são despejados nas ruas do bairro. Restos de confecção, retalhos e peças com defeito se acumulam nas calçadas como marcas da pressa e da lógica do descartável. A moda rápida, que produz em ritmo frenético para atender a demanda por preço baixo, cobra um alto custo ambiental e social.
Pirataria e falsificações correm soltas. Marcas copiadas, etiquetas adulteradas e produtos que se vendem como “originais” abastecem lojas e camelôs. Por trás dessas vitrines, funcionam oficinas clandestinas, muitas vezes operando em condições insalubres e com mão de obra em situação análoga à escravidão. Trabalhadores explorados, sem direitos ou proteção, costuram silenciosamente a tragédia da desigualdade.
O Brás pulsa economia, mas também esconde feridas. O lixo não é só físico, é ético, social e humano. E está, sim, na moda. Uma moda que precisamos rever.
Não se trata de condenar o pequeno comerciante ou o consumidor de classe média. Mas de abrir os olhos para um sistema que produz riqueza para poucos e lixo para todos. Moda sem responsabilidade não é progresso é ilusão.
O futuro da moda precisa ser limpo, justo e transparente. E isso começa com uma pergunta incômoda: quem paga o preço por aquilo que você veste ?
Fonte : https://www.instagram.com/p/DJ8SUbmsCHK/?igsh=MW1hMnp4a2wyem1nv
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