PARI E SEUS FILHOS FAMOSOS, PTE. II
Muitos procuraram uma explicação,muitos deram explicações, mas não se chegou a um consenso sobre o clima romântico , que sempre fez do Pari um bairro que apesar de pequenino , ser muito amado. Muitos deste site se lembram das manhãs de domingo à saída da Missa das 10.Outros se lembrarão dos footings das noites de fim de semana no querido larguinho. E os diversos bailes, seja nos quintais das casas, seja nos diversos clubes. No início do séc. XX, já pairava no Pari esse clima romântico, que muitos atribuem ao santo padroeiro do bairro, que entre as suas inúmeras virtudes , tem a de ser o santo dos namorados ou o santo casamenteiro, o Santo Antonio.
Como dizia , ainda segundo relatos ouvidos por pessoas que inclusive tocavam instrumentos ,como meus dois avós, havia no bairro muitas serenatas nas frias e garoentas noites paulistanas. É tambem verdade , que essas serenatas nem sempre tinham um final lá tão romântico, com pais atirando pelas janelas objetos os mais diversos.
Uma valsa embalava muitas dessas serenatas que era seguindo a linha do vizinho Brás, era a " Rapaziada do Pari".
Nascido no Pari no início dos anos 10, Moacir Braga compôs muitas serestas , valsas românticas, tendo sido a de mais sucesso"Cascata de Lágrimas".O número de músicos , compositores no bairro crescia embalando os corações dos romeus e julietas da época. Muitas meninas fugiam de casa para ir aos braços de seus príncipes, encantadas por flautas, violões mágicos.
O mundo foi mudando, o romantismo foi mudando e os músicos como sempre interpretando a voz do povo.
Nos anos 40 houve um músico de dor de cotovelo, que morava na Mendes Gonçalves de nome Américo de Campos, que compos várias músicas de dor de cotovelo , entre elas uma que dizia mais ou menos o seguinte" – Eram 2 hs. da manhã,quando em minha porta alguem bateu, fui ver quem era triste fiquei tão mal vestida era a mulher que mais amei…".
Foi o ápice da dor de cotovelo,uma radicalização do romantismo.Explica-se o florescimento do Nelson Gonçalves em nosso bairro. E quem era o cronista dessas desgraças amorosas? sim , Jacinto Figueira Junior," o homem do sapato branco", nascido na rua Casimiro.
Mas , não era só de amores mal sucedidos, nem tragédias amorosas que vivia a MPP, ou seja a música popular pariense. Na Cachoeira viveu e cresceu um dos maiores sambistas de São Paulo, Germano Mathias.Na Virgílio, nasceu e cresceu o Gariba, que alem de bom compositor , era ótimo comediante da TV Tupi e grande craque do Corinthians e da Portuguesa santista.
Mais tarde , surgiu o Bitão edificando amores com o popular tijolinho. Bobby Di Carlo fazia muito sucesso com suas músicas que mostravam o romantismo da época. Mais tarde ainda Lady Zu a seu modo tambem cantava o amor, outra pariense.
Um dos primeiros divulgadores da música jovem, na sua maior parte romântica foi um pariense o Sérgio de Freitas, conhecido no Pari como Nheco.
Gilberto Di Pierro, mais conhecido por Giba Um, um pariense nato, entretia seus leitores e leitoras com notícias as mais interessantes possíveis.
O Teatro da Congregação Mariana levava várias peças, algumas vezes românticas e desse teatro surgiu um dos maiores expoentes das novelas brasileiras, o grande Manoel Carlos.
Um grande produtor musical, que morou muitos anos no Canadá, mora no Brasil ,onde trabalhou em várias emissoras de rádio é o pariense Adhemar Altieri, integrante de uma das famílias de mais respeito no bairro ,a família Cursi.
Só o amor ao bairro levou um jornaleiro, mais tarde transformado em líder no Pari, Antonio Francolino a pesquisar nos anais da história sobre as origens do Pari, descubrindo que este nosso querido lugar constava nos mesmos autos desde o séc. XVI.
Enfim, o amor ao bairro já vem de longe e explicações não são conclusivas a não ser o que disse o poeta"o coração tem razões , que a própria razão desconhece."
Pari, chamado por muitos como o bairro doce de São Paulo, outros como o vaticano paulistano( 4 igrejas católicas numa pequena área), outros como o pequeno notável, mais recentemente como nova 25 de março, outros a meca paulistana( duas mesquitas,uma xiita ,outra sunita)na mesma pequena área do bairro. Mas , como dizia o poeta, pode de mim quem quiser falar, o Pari continua firme,pois nós desta comunidade brava e heróicamente , não estamos deixando a peteca cair. Muitos políticos e políticas tentaram aniquilar o nosso bairro, num certo ponto até conseguem. Mas a dificuldade que eles encontram somos nós ,como encontraram no passado com aqueles que nos deixaram.
Gente de fibra, a maioria descendentes de imigrantes pobres, que escolheram o Brasil por destino e o Pari para construir.
Encontraram um bairro com poucas pessoas habitando, na maioria paupérrimos pescadores e biscateiros no centro da cidade. Aqui esses imigrantes construiram casas , lojas , indústrias , oficinas e lutaram para propiciar a seus descendentes uma vida cada vez melhor. Esse é o motivo pelo qual o Pari tem apesar de seu tamanho minúsculo tantos filhos famosos.
Citamos aqui graças à colaboração de vários amigos pessoas que se destacaram acima de tudo no esporte. É bem verdade que citamos tambem em outras áreas culturais e pedimos perdão por não lembrar de outros tantos , é muita gente boa. Não poderíamos esquecer do grande repórter Carlos Spera , um repórter da antiga, esperto, que a tudo enfrentava na ânsia de bem informar ao público do rádio e da tv dos anos 50.Um primo do Spera ,foi comandante da PM, com a glória de depois de 40 anos com comandos de oficiais do Exército , a nossa antiga Força Pública teve um Coronel egresso dos bancos do Barro Branco , como mais alto mandatário, o grande Coronel Theodoro Cabette, pariense nascido e criado na avenida do Estado entre João Teodoro e São Caetano. A irmã do Cel . Cabette, sra.Judith Cabette, foi durante muitos anos , pianista e diretora musical do Theatro Mvnicipal de São Paulo. No Coral principal do citado teatro, canta até hoje o Nelsinho, ou Nené, ou Nenê, grande tenor , uma voz que emociona ao se ouvir.
Voltando à PM, não poderíamos esquecer do Cel. Deputado Sidney Gimenez Palacios, uma das linhas de frente da PM paulista.Como tambem do querido Capitão Thorus, nosso amigo de infância e do tambem Capitão prematuramente falecido Alex Rondon, pessoa que conhecemos desdes a mais tenra infância.
Agora nesta nossa viagem ao passado e retornando à Praça Ramos de Azevedo, não poderíamos esquecer de maneira alguma da grande , da grande música, soprano, destaque do Coral , como tambem com sua carreira solo, da querida Profa. Norma Cresto, nossa vizinha por muitos e muitos anos. A Norma se foi é bem verdade, que teve sua vida levada à cabo num crime misterioso, mas esse crime como alguns outros em nosso bairro são um capítulo à parte , mas a Norma apesar de não ter tido filhos , entre seus muitos alunos , deixou um orfão. O nome desse autêntico filho é o Dudu, que foi a pessoa que mais pranteou com a perda da dona Norma, hoje é um execelente músico, uma pessoa de grande futuro na nossa MPB.Egresso da banda do Movimento de Jovens da nossa querida Igreja Santo Antonio, Dudu dá verdadeiros shows aos amantes da boa música, seja popular ou erudita. É mais uma prova que o Pari continua firme e caminhando para um lindo futuro , diferente ,mas vibrante e muito legal temos a certeza.
Um Pari ao qual homenageamos os seus filhos famosos é verdade, mas homenageamos e muito aos seus filhos que não tiveram tanta fama,mas que enchem de orgulho ao Pequeno notável.
Empresários, médicos , advogados, padres, arquitetos, contabilistas, designers, jornalistas, professores, profissionais da moda, operários, balconistas , bancários, enfim das mais diversas atividades, bem sucedidos graças a um esforço sobreumano de ancestrais muitas vezes com parcos recursos, mas que deram um exemplo de abnegação, de luta , de esforço , muita garra para legarem a seus filhos um lugar ao sol.
Não são filhos famosos fora de suas atividades, mas que enchem de orgulho ao Pari e aos parienses.
Ao Pari e aos meus conterrâneos parienses
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