Eduardo Martellotta
O Ministério da Saúde, seguindo recomendações da
Organização Mundial de Saúde - OMS, informou que o isolamento social é a mais
eficiente ferramenta de se conter o avanço do coronavírus no País.
Até 22 de abril, o Brasil registrava 43.079
casos de Covid-19. Desses, o Estado de SP tinha 15.385 casos, com 1.093 óbitos.
O isolamento social, por meio de uma quarentena
implantada pelo governo estadual no dia 24 de março, fez mudar a rotina em toda
região Brás/Pari, tanto de trabalhadores como de moradores, com exceção
daqueles que exercem atividades essenciais (médicos, enfermeiras, veterinários,
policiais, carteiros, motoboys etc).
Loja fechada no Brás
O empresário Alex Farias, proprietário da
loja Aline Lingerie no bairro do Brás disse ao Jornal do Brás que iniciou o
isolamento no dia 20 de março, e acha ele necessário, porém, sem
"politicagem". Alex trabalha no sistema "home office", com
os pedidos no varejo. Por conta da pandemia, deu férias para três dos oito
funcionários. Para ele, o governo está fazendo sua parte. "O governo
federal está fazendo tudo para ninguém passar fome".
Sem cinema, restaurante e caminhada
O morador do Brás, Helton Máximo, de 63
anos, também considera o isolamento necessário, ficando em casa, mas disse
sentir falta de escolher os locais para comer, ir ao cinema e fazer sua
habitual caminhada. Ele sai apenas para fazer compras. "Alguns policiais
já me abordaram na rua e perguntaram se estava tudo certo comigo". Como
Helton trabalha em casa criando sites, pouco mudou sua rotina, com exceção da
sua outra ocupação, a de fotógrafo.
Falta de proximidade com a família
Morador do Pari, Wagner Wilson disse que sente
falta do contato com as pessoas e familiares. "O ser humano não foi feito
para viver isolado. Somos seres sociais". Sua rotina também nada mudou, já
que Wagner sempre trabalhou remotamente.
Ele ressaltou que o isolamento serve para as
pessoas refletirem. "A vida que vivíamos antes do isolamento, não era uma
vida normal. Quase não tínhamos tempo para nada, e agora temos tempo de cuidar
de nós mesmos, valorizar os amigos e a família. Ter as pessoas a nossa volta é
muito importante".
Escrita e leitura na quarentena
Por sua vez, a escritora Hilda Milk asseverou
que o isolamento social é importante, "uma vez que o vírus é contagioso e
os sistemas de saúde não comportam atender tantos afetados". Ela está no
grupo de risco, mas antes da pandemia, frequentava academia, da qual sente
muita falta. "Os exercícios são essenciais". Hilda mora com o filho,
e duas vezes por semana vai às compras. Ela e o filho almoçam juntos, veem
filmes, depois ela se refugia na leitura ou escrita até a noite. Assim tem sido
a rotina da escritora nesses dias difíceis, mas que segundo ela, servem para
aprendermos muitas lições. "É preciso cuidar-se e cuidar de quem amamos. E
por mais que estejamos sós, precisamos uns dos outros. O afastamento reflete
também no modo que pensamos atualmente, nos faz pensar sobre prioridades",
ponderou Hilda.
Helton Máximo, conhecido como Caçador de Trens,
sente falta dos seus habituais passeios
Alex Farias mantém há
27 anos a loja Aline Lingerie no Brás
|
Comentários