Por Moacir Beggo
São Paulo (SP) – “De quem vocês querem ser ministros?”. A pergunta do Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer, parece que ecoou mais forte no silêncio da grandiosa e bela Igreja Santo Antônio do Pari, em São Paulo. Ela tinha endereço certo na noite do sábado, 10 de março: Frei Leonardo Aureliano dos Reis Teixeira dos Santos e Frei João Francisco da Silva, que estavam prestes a receber os ministérios sagrados do presbiterato e diaconato, respectivamente.
O questionamento de D. Odilo partiu da reflexão do Evangelho deste domingo, que narra Jesus expulsando dos vendilhões do templo sagrado e do lema escolhido pelos ordenandos: “Nós, porém, proclamamos Cristo crucificado” (1Cor 1,23a). “Não é esta a religião que Deus quer. É outra. É justamente adorar a Deus em espírito e verdade”, observou D. Odilo.
Segundo o Cardeal Scherer, o apóstolo Paulo ilustra bem isso na 2ª leitura. “Os judeus pedem milagres, os gregos pedem sabedoria. Nós, o que temos a dizer a eles? Nós pregamos Jesus Cristo crucificado. Escândalo para uns e para outros. Mas salvação de Deus para todo aquele que Nele crê. Nós pregamos Jesus Cristo crucificado. Hoje, na opinião de muitos, fracasso! Por isso se prega a religião do sucesso, do êxito, dos números, das contas bancárias, dos templos suntuosos, do comércio”, enfatizou.
Falando diretamente aos candidatos a diácono e presbítero, perguntou: “De quem você vai ser padre? De quem vai ser diácono? Da religião do sucesso, do milagre a toque de caixa, da malandragem a todo custo, de colocar Deus contra a parede: “Deus tem que me atender!”? De quem vocês vão ser ministros?”
Para D. Odilo, citando São Paulo, não devemos ter vergonha da Cruz de Cristo. “Gloriemos na cruz de Cristo. Sinal da salvação, do perdão e da misericórdia de Deus. O amor de Deus que vai ao encontro do pecador”. E foi mais enfático ainda: “São Francisco entendeu bem isso. Ele tinha uma paixão tão grande por Jesus Cristo e Jesus Cristo Crucificado. Ele quis na vida o máximo possível se identificar com Jesus Cristo pobre, Jesus Cristo humilhado, Jesus Cristo manso, Jesus Cristo misericordioso, Jesus Cristo amoroso, Jesus Cristo que vai ao encontro de toda a pessoa desprezada, daquele que não vale mais nada. Sim, São Francisco entendeu bem”.
No final de sua homilia, D. Odilo disse que todos somos convidados, em nosso caminho quaresmal, a entender bem a que somos chamados como cristãos, e se dirigindo a Frei Leonardo e Frei João Francisco falou: “Todo povo batizado é um povo sacerdotal, participa do sacerdócio de Cristo e é convidado a viver uma vida santa. Mas os ministros ordenados são constituídos servidores de Jesus Cristo, do sacerdócio de Jesus Cristo em favor dos irmãos, para ajudar os irmãos a acolherem o dom de Deus, para ajudá-los a viver segundo o Evangelho”.
Foi com esta reflexão que D. Odilo iniciou o rito da ordenação diaconal e presbiteral. Os dois candidatos se prostraram ao chão enquanto se cantou a Ladainha de Todos os Santos, como sinal da comunhão com a Igreja em todo os tempos. O primeiro a se aproximar de D. Odilo foi Frei João Francisco, que recebeu pela imposição das mãos a ordem do grau de diaconato transitório, última etapa antes da ordenação sacerdotal. Como símbolo deste ministério, os diáconos são vestidos com a dalmática, simbolizando o serviço diaconal. A seguir, Frei João recebeu das mãos de D. Odilo o Livro dos Evangelhos.
Depois, D. Odilo impôs as mãos sobre Frei Leonardo e, pela prece de Ordenação, foi conferido ao eleito o dom do Espírito Santo para o múnus de presbítero. O mesmo gesto foi repetido pelos 29 presbíteros presentes na celebração, um a um, para significar a admissão do eleito na Ordem Presbiteral. Frei Leonardo, então, recebeu as vestes litúrgicas das mãos de seus pais, José e Maria, e se vestiu com a ajuda de Frei Fidêncio e do pároco da Paróquia Santo Antônio, Frei Gilmar José da Silva. Em seguida, teve as mãos ungidas e recebeu a patena com o pão e o cálice com o vinho e a água.
Como diácono e presbítero, Frei João e Frei Leonardo foram abraçados por D. Odilo, familiares e confrades e continuaram a celebração ao lado do presidente. Bastante tranquilo, como é próprio de sua personalidade, Frei Leonardo falou pelos dois e não esqueceu de agradecer a Igreja na pessoa de D. Odilo, a Província Franciscana que os acolheu na pessoa do Ministro Provincial, os familiares, os amigos e a comunidade na pessoa do pároco Frei Gilmar. E não esqueceu de agradecer as Irmãs Franciscanas da Ação Pastoral, que acolheram a caravana de Itaboraí, a nova fraternidade de Frei Leonardo em Venda das Pedras (RJ).
D. Odilo saudou a todos e agradeceu pela presença dos Franciscanos na Arquidiocese em três comunidades, lembrando que a presença no Largo São Francisco é marcante na história da cidade de São Paulo. “Que Deus os recompense pelo serviço que prestam ao povo de São Paulo e abençoe com muitas vocações. O carisma franciscano é muito importante para o serviço da Igreja e para a compreensão do Evangelho. São Francisco queria ser em sua vida um Evangelho vivo. Portanto, o testemunho do carisma franciscano é muito importante na Igreja de São Paulo. Quero manifestar o meu apreço a vocês, franciscanos, a contribuição que dão em nossa Arquidiocese há mais de três séculos. Que o seu testemunho ajude a edificar a Igreja de São Paulo!. Obrigado a vocês!”, completou o Arcebispo.
Frei Leonardo é sétimo presbítero ordenado neste ano na Província. Antes dele foram ordenados Frei Laurindo Júnior, Frei Alisson Zanetti, Frei Alex Rodrigues, Frei Diego Atalino Melo, Frei Alexandre Verardi e Frei Jeferson Broca. Serão ordenados ainda Frei Vanderley Grassi em Vila Velha (24 de março), Frei Gilberto Silva em Jacarezinho-PR (28 de abril), Frei Wilson Simão em Londrina-PR (5 de maio) e Frei Alberto Eckel Jr em Indaial-SC (26 de maio).
Fonte : Franciscanos
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