Sim, já relatei aqui vários fatos que provam que o clima de amor sempre imperou no nosso querido Bairro Doce de São Paulo.
Este conto que vou passar, não aconteceu no Pari, foi em Portugal, mas um dos protagonistas o sr. Nuno, mora no Brasil há muitos anos e me contou com lágrimas nos olhos e todo arrepiado, apesar de estar calejado com as agruras dos seus mais de setenta anos.
Nuno e Isabel namoravam numa aldeia lá da santa terrinha. Faziam planos, olhares românticos, mãos dadas,enfim, tudo conforme um namoro feliz.
Um dia, veio a notícia terrível, Nuno fora convocado para a guerra na África portuguêsa. Nuno não pensou duas vezes e fugiu para o Brasil clandestinamente. Continuaram a se corresponder e a se amar, com juras e Nuno preparando a vida a dois aqui na Terra de Santa Cruz.
Mas a fofoca aqui e lá na aldeia, corria solta, com a ajuda de uma figura que havia no interior portugues, a casamenteira. A tarefa da casamenteira era a de não deixar ninguem solteiro e a ausência do Nuno , era um prato cheio para ela.
A correspondência da Isabel começou a escassear, envenenada com as intrigas e Nuno chateado , tambem não escrevia. Um dia, sempre um dia , veio a bomba: Isabel termina o namoro e diz:-" estou a namorar o vosso primo Rui". Nuno ficou arrasado, chorou , mas como bom luso, após ter chorado muito, ficou com raiva da ex-namorada e nunca mais falou o seu nome. As notícias vinham por boca de patrícios, Isabel se casou, teve filhos,etc. Nuno tambem se casou aqui em São Paulo , teve filhos e a vida continuou.
Um dia, novamente um dia, após quase 40 anos, Nuno finalmente retornou a passeio,à sua querida Beira Baixa . Foi rever parentes, a sua velha mãezinha, amigos, a capelinha , a escola, enfim os lugares onde vivera até o chamado para a Guerra colonial d´África.
Após a sua chegada a notícia se espalhou por vales e montanhas da região .Ao passar um dia, após a sua chegada, em todos os lugares por onde passava o recado era um só: " Ó Nuno, a Isabel quer ver-te". Nuno não falava nada , tal ódio que alimentava da sua antiga amada.
No último dia de sua estada, Nuno vinha do rio onde fora pescar com um seu amigo de infância e encontrou a mãe da Isabel , que vinha da lavoura, a Ti Arminda, que o levou , quase que à força para a casa da filha.
Isabel, estava dando vacina nos leitõezinhos, mais o seu marido( primo do Nuno,o Rui ) e na porta da casa gritou : " Ó Isabel, cá está a pessoa que tu mais querias ver na vida!!" Isabel saiu correndo, em prantos, largou vacina, leitões, marido, correu , abraçou o ex-namorado bem forte e beijou-o no rosto demoradamente. Ato contínuo, ela e o marido o levaram para casa adentro, onde conversaram animadamente, almoçaram. Num momento o Rui levantou-se para ir ao banheiro, quando Isabel segurou as mãos de Nuno carinhosamnete e disse : " Meu amorzinho, já posso morrer", isso com os dois se entreolhando meiga e carinhosamente e os olhos marejados.
Instantes após, chegou o Rui, Nuno se despediu, retornou ao nosso país . Um mes depois, veio a notícia, que Isabel caíra de cama, dois meses depois veio o diagnóstico que ela estava com câncer e tres meses depois que ela morrera.
Morreu de amor, ela que era uma mulher forte, dinâmica, que cuidava ao lado do marido de todos os afazeres da vida dura do campo.
Hoje , Nuno mora no Pari e triste, conta com dor no peito a sua linda história de amor.
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