Ninguem que está lendo este blog havia nascido,é claro.A minha mãe ,por exemplo,que hoje conta com 90 anos,era recém nascida. Mas, no dia 5 de julho, em 1924 teve início uma revolução aqui em São Paulo,capital,que queria depor o governo da república.As reuniões para depor o presidente e que inspiraram a revolução ,se realizaram na av.Vautier,numa das casas defronte ao teatro Colombinho,mais tarde o cine Rialto.O bairro do Pari,assim como o Brás,Cambuci,Liberdade foram dos mais atingidos pelos bombardeios das tropas federais que vindo do Rio ,dias depois, da Estação Guaiauna(Penha)disparavam contra a cidade. O governador do estado , na época o sr.Carlos de Campos, ironicamente mais tarde, nome de avenida no bairro,deposto pela revolução, insistia pelos bombardeios que atingia indiscriminadamente alvos militares, como alvos civis, religiosos ,industriais, etc.Após semanas de revolução e com a destruição e fome atingindo a população, os revoltosos fizeram uma retirada estratégica da cidade , o que deu origem na sequencia, na famosa Coluna Prestes, que marchou por milhares de quilometros por todo o Brasil, durante anos. Milhares de pessoas fugiram da cidade ,a família da minha mãe, por exemplo fugiu para Itu, onde temos parentes.A do meu pai, fugiu para a região de Guarulhos, onde não havia sinais de revolta. A do meu sogro, fugiu para Araraquara, onde tem parentes.Quem tinha para onde fugir e tinha condições fugia, quem não tinha sofria muito com as agruras do bombardeio incessante.Até hoje vemos marcas de bala na chaminé da rua João Teodoro,no quartel da PM, antiga Força Pública, local de onde sairam vários heróis naquele movimento. O líder dessa revolução foi um general de nome Isidoro Dias Lopes e a maioria das crianças que nasceram nessa época e tinham o nome de Isidoro foi em homenagem a essa pessoa.O Moacir do cartório do Pari, pode nos comprovar, só que eu não sei se na época já existia o Pari como subdistrito.Ouvindo relatos verbais de pessoas que viveram esse período, como meus avós e tios avós e mais tarde conferindo nos livros, posso relatar que momentos de pavor entre a população de nosso bairro, principalmente nas ruas que estavam na linha dos disparos, como a Casimiro, Paraíba, João Teodoro, Barão, Larguinho, Júlio Ribeiro(na época chamada de rua Mista),Eliza ,Henrique Dias , etc. Muitas pessoas morreram nessa revolução, envolvidas pelo movimento ou não.A elas nossas homenagens, pois o solo sagrado do Pari foi regado a sangue, numa época em que a democracia não existia na prática e que as eleições eram extremamente burladas e eram um verdadeiro jogo de cartas marcadas.
Transcrição de uma nossa postagem de dezembro de 2009
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