Os recém chegados ao Pari, que vêm um bairro pujante economicamente, esse trânsito intenso,não imaginam que o bairro possuía uma população bem maior, uma vida social intensa, muita diversão e alguns tipos bem pitorescos. Um deles era o Mariolo, um italiano trabalhador , bondoso , alegre. Ele possuía uma vitrola muito antiga, onde nos finais de semana colocava discos de músicas italianas, como cancionetas e tarantelas, isso num volume bem alto e com um alto-falante roufenho.Pois bem a vizinha era uma professora de canto, de modos refinados e que considerava música só as clássicas e as óperas.O resto eram sub – músicas. Brigas homéricas, onde a professora esquecia toda a sua finesse e num italiano culto , xingava o seu patrício da grafonola em alto e bom tom e o mesmo respondia com um volume mais alto ainda e praguejando no dialeto polignanês, uma mistura de italiano, albanês e sérvio. A agravante é que a prima donna era a proprietária da casa do Mariollo. Essa comédia terminava geralmente em pizza , no verdadeiro sentido do termo, porque Mariollo, exímio pizzaiolo, a conselho da matriarca, sua mãe , enviava à família da proprietária do imóvel, duas pizzas de aliche com mozzarella no capricho, assadas no bom forno a lenha que havia no fundo do quintal. Quem dera todas as brigas se iniciassem no sábado à tarde e terminassem no domingo à noite , com pizzas , pedidos de "scussi" de ambas as partes litigantes , entre lágrimas, acompanhadas de uma "bella pizza" e juras de amizade, afinal "siamo tutti amicci, tutti italliani", mesmo com validade até o próximo sábado à tarde.
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