Hoje a Ciralva Pereira me contou uma história que ocorreu na João Teodoro na época da epidemia mundial a que se deu o nome
de Gripe Espanhola, logo após a Primeira Guerra Mundial em 1918.
A história lhe foi contada por sua avó .
A epidemia foi uma tragédia e dizimou populações inteiras.
Carroções recolhiam cadáveres aos montes das residências, igrejas, escolas eram transformados em hospitais.
Há relatos de pessoas serem transportadas doentes em meio a cadáveres, pois a doença tinha no torpor um dos
seus sinais.
Gennarinno era um açougueiro muito trabalhador, forte, porém foi atacado pela Gripe.
Em poucos dias os sintomas pioraram e foi dado como morto.
Foi aquele desespero na família, com uma morte tão repentina.
Quando passou o carroção o chamaram para recolher e só com um lençol, pois havia falta absoluta de caixões.
E lá se foi o Genná...
Porém no necrotério, Gennarinno acordou , assustado é claro, se enganaram com os sintomas e ele estava vivo.
Diante da confusão generalizada em toda a parte, ele se levantou e foi embora para casa, passou a mão num pijama do próprio
hospital e saiu.
Alta madrugada, frio, a tradicional garoa paulistana e lá se vai o nosso herói de hoje rumo ao Pari a pé , claro.
Quando chegou a sua casa, bateu na porta e quem atende? sua sogra dona Assunta, que bradou apavorada
" Ele voltou , aiuto ! eu não falei mal de você é mentira , é fofoca da Carmela, vá embora fantasma, Dio mio ! "
E o Gennaro tremendo de frio , com febre também gritava ,
" Sai da frente sua streghetta , disgraciatta !
quero entrara na minha casa , vai embora você, sua bruaca !"
Entrou foi bem recebido pelo resto da família que gritavam " miraculo ! miraculo ! viva o Genná ! "
Dona Sunta muito esperta , fez um bom escalda pé para o genro , um brodo especial que levantava até defunto e
Genná foi bem quentinho para a cama, claro ,acompanhado pela esposa ,a Giulia, que contente com a volta do esposo,
comemorou naquela noite de maneira efusiva e com toda a pompa e circunstância, boa soprano que era.
Esse Pari tem cada história, bello !
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