O POBRE RICO
Jayme Antonio Ramos
Sr. Nicanor Pedro, claro que é um nome fictício, era um devoto do trabalho e
também do dinheiro. Privava-se de vários prazeres que o dinheiro pode pro-
porcionar, só para acumula-lo. Acumula-lo é o termo exato, pois evitava gas-
tar , em detrimento até de sua saúde e dos seus.
E viveu durante muitos anos, naquela sovinice sem fim.
Um dia teve um enfarte fulminante e morreu.
Sua esposa dona Clementina Rosa chorou a perda durante anos , assim como os
filhos, mas havia após alguns meses a pergunta, onde está o dinheiro do sr.
Nicanor, não havia conta bancária, só havia deixado três modestas propriedades e como dizem alguns que o dinheiro é o esterco do diabo, come-
çaram a surgir as inevitáveis brigas, pois passou a haver uma desconfiança
generalizada entre vários membros da família, o que apressou o falecimen-
to de dona Clementina.
Assim se passaram os anos até que apareceu uma boa oferta para a venda
dos imóveis por parte de um próspero comerciante do bairro que pretendia
construir um prédio comercial, como aliás é a moda no Pari.
Os prédios foram vendidos e quando houve o desmontar dos móveis para a mudança, alguns estavam pregados na parede e ao retira-los uma parte do
reboco e da parede cedeu atrás de um dos armários , dado aos muitos anos sem conservação e do tempo de construção.
Aí veio a surpresa , sacos com dinheiro embutidos na parede, uma verdadeira fortuna, só que com dinheiro sem valor , cruzeiros , cruzeiros novos e até contos de réis, saíam aos borbotões, até atras dos espelhos das
tomadas, só que sem valor.
Descobriu-se um verdadeiro tesouro , sem valor.
Certificou-se que na realidade Nicanor era um rico pobre e um pobre rico.
Mas , nós brasileiros , calejados com os percalços das inúmeras crises pelas
quais passamos, aprendemos que quando temos o amargor de um limão, não titubeamos e fazemos uma gostosa limonada.
Digo isso , porque quando se soube do fato e após a mudança , seu neto, Pedro Inácio, reuniu amigos e comemoraram e " bebemoraram" o achado do tesouro ,antes de entregar as chaves ao novo proprietário.
Para comprovar que não é invenção minha, eis a foto da festa e o pessoal com
a mão na grana.
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