ÚLTIMA FLOR DO LACIO
Jayme Antonio Ramos
Hoje , dia 10 de Junho é uma data que não podemos deixar de lembrar.
Dia de Camões, o Pai da Língua Portuguesa, a nossa língua , aquela em que
nos expressamos, aquela que falamos as primeiras palavras, aquela que
muitas vezes até maltratamos.
É por esse motivo o Dia da Língua Portuguesa.
Ao mesmo tempo é o Dia de Portugal, fui criado no meio dos portugueses,
sou descendente de portugueses até os confins dos séculos, até onde não sei.
O Pari é um bairro que cresceu, foi povoado por várias nacionalidades, itali-
anos, espanhóis, japoneses, africanos, á rabes, bolivianos, coreanos,etc.
Mas , o progresso , a convivência foi implantada por italianos e portugueses,
me desculpem os demais imigrantes.
Mas, como inicialmente nos referimos ao nosso belo idioma, cito o grande
brasileiro Olavo Bilac, com o seu célebre " Língua portuguesa "
LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculta fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela.
Outro expoente de nossa língua é Fernando Pessoa, num emocionante poema, onde a língua portuguesa se expõe viçosa e bela:
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Para darmos um toque final à nossa singela homenagem à nossa língua , em que expressamos
nossa alegrias, tristezas, paixões, orações, xingamentos, prazer, dor e já que falamos do nos -
so pai Luiz Vaz de Camões e homenageando a todos (as) que fizeram de nosso idioma a ex-
pressão maior de seus sentimentos, sem menosprezar nenhum autor, escritor, cronista, poeta,
orador , com vocês um canto, o primeiro e o mais declamado, de Lusíadas.
As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando Cantando espalharei por toda a parte Se a tanto me ajudar o engenho e arte. |
| -- Luís de Camões, Os Lusíadas (1572) Canto I, 1--2 |
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